"Até ao final de março, o Bloco de Esquerda vai estar na rua com iniciativas diversificadas e imaginação, como sempre fez. Nestes três meses teremos ações em todo o país, estando previstos dois grandes comícios em Lisboa e no Porto", avançou Catarina Martins numa conferência de imprensa que teve lugar no final da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda.
Segundo esclareceu a dirigente bloquista, o Bloco apresentará “propostas alternativas à austeridade que fazem a diferença na vida das pessoas”, como, por exemplo, o acesso à água e à luz, a recuperação de salários, a defesa do emprego, a defesa dos serviços públicos.
"As propostas contra a austeridade serão apresentadas em todo o país, numa campanha nacional que procurará chamar pessoas de outras forças, de vários movimentos, para debaterem connosco em cada local ou em cada setor”, referiu.
A campanha incluirá ainda a apresentação de uma petição a favor da desvinculação de Portugal do Tratado Orçamental da União Europeia, proposta que os bloquistas alargam a "todos e todas os que entendem que Portugal tem direito à sua autodeterminação e deve poder escolher, não aceitando que o país esteja obrigado a um tratado que exige que a cada ano que passa sejam cortados mais de seis mil milhões de euros no Orçamento do Estado".
"Rejeitamos todas as chantagens para que Portugal não possa escolher"
Durante a sua intervenção, Catarina Martins denunciou a “tentativa de menorizar o ano em que vivemos”, lembrando, contudo, que será em 2015 que “chegará ao fim um governo de direita que não tem apoio social nem político” e que é “o ano em que os portugueses são chamados a escolher nas urnas um novo governo”. A porta voz do Bloco acusou ainda Cavaco Silva de tentar condicionar as eleições legislativas.
"Ouvimos o Presidente da República tentar condicionar o ato eleitoral, forçando um entendimento que não permite escolha, como se a divergência na democracia não fosse a escolha mas um risco. O pior risco para a democracia seria se o futuro estivesse escrito, só que não está", afirmou, frisando que o Bloco não aceita que Cavaco Silva "pretenda condicionar esta liberdade de escolher o futuro em Portugal".
"Rejeitamos todas as chantagens para que Portugal não possa escolher", adiantou, afirmando-se otimista sobre não só a vitória do Syriza na Grécia como a possibilidade de mudanças importantes políticas a acontecer este ano em países como Espanha e Irlanda.
“Recusamos a indústria do medo na Europa”
No início da conferência de imprensa, Catarina Martins afirmou novamente o repúdio do Bloco face “ao ataque ao Charlie Hebdo, à liberdade de expressão e a todas as liberdades” mas também perante “a perseguição aos muçulmanos e aos imigrantes ou outro tipo de violência que mais não é do que a mesma de um terror que se passou em Charlie Hebdo”.
“A Europa só pode responder a este crime afirmando-se como um espaço de liberdade, de pluralidade, de respeito pelos direitos humanos e afirmando-se assim dentro de fronteiras e na sua relação com o resto do mundo”, defendeu.
A dirigente bloquista afirmou-se ainda contra “as intenções anunciadas do Conselho Europeu de intensificar as políticas securitárias, as políticas de perseguição a imigrantes que têm vindo a causar mais ódio e mais violência”.
“É preciso parar com esta espiral e só se pára com liberdade, com direitos humanos e com uma postura clara de Europa enquanto espaço de liberdade”, vincou.