Camaradas.
Sou operário sindicalizado numa empresa do Parque Industrial da Auto Europa com uma comissão de trabalhadores recentemente formada. Sei a importância e a dificuldade de uma organização dos trabalhadores no atual panorama das relações laborais com o patronato.
No que diz respeito ao trabalho o Bloco tem de ter uma contribuição mais ativa para a organização dos trabalhadores. O nosso combate é contra o desemprego mas também tem de ser pelos direitos de quem trabalha. A austeridade deu impunidade aos patrões e piorou a exploração. É preciso organizar os trabalhadores para combater a verdadeira ditadura que existe em muitas empresas, para superar o medo e a perseguição a quem luta por melhores condições de trabalho, a quem se sindicaliza e a quem se organiza.
A exclusão social é, antes de mais, a exclusão do trabalho. Não apenas de um posto de trabalho, mas de um emprego digno com um salário justo. Sabemos que a pobreza está a alastrar na população empregada, porque as pessoas simplesmente não ganham o suficiente para sair da pobreza. Para os jovens, estudem ou não, o caminho é sempre o do aeroporto.
Quando pensamos o futuro e desenhamos o projeto para o Bloco e para o país que queremos, temos que nos centrar no valor do trabalho e na democracia.
Em primeiro lugar uma reforma laboral pelo emprego. Pelo combate à precariedade e por um salário justo, onde destaco:
-o fim da desigualdade salarial entre homens e mulheres;
-a semana das 35 horas;
- contrato efetivo após um ano de trabalho;
-a revogação do Código de Trabalho principalmente em matéria de despedimentos coletivos ou individuais sem justa causa.
Em segundo lugar, a luta por uma maior participação dos trabalhadores na definição de políticas laborais, criando condições para a votação de todas e todos os trabalhadores nos acordos laborais, bem como uma quota de representantes sindicais por inerência nas equipas de inspeção laboral.
Mais direitos laborais, mais democracia nas empresas. É isso que propomos. É um conjunto de ideias que são linhas de uma agenda política para o trabalho, mas são sobretudo instrumentos de ativismo e de participação. Temos de ampliar e diversificar a nossa intervenção laboral. Temos de ter ferramentas para sair à rua, para entrar nas empresas, para promover, antes de mais, a solidariedade entre todos os trabalhadores.
É essa a nossa arma: solidariedade entre trabalhadores, entre empresas, entre lutas. Quanto mais forte ela for, maior será a nossa capacidade de resistir aos ataques da direita e conseguir recuperar direitos que têm vindo a ser roubados não só pela direita mas também pelo PS: não esquecemos o código Vieira da Silva!
É pelo trabalho que o Governo PSD/CDS escolhe o país que quer: um país de precários, mal pagos, mão de obra barata e, sempre que possível, gratuita, sem direitos. Um país com um exército de desempregados a quem dizem para trabalhar mais horas por menos salário.
Também será pelo trabalho que nós afirmamos a nossa alternativa: recusamos o passado. Queremos o futuro, e no nosso futuro estará uma economia justa com direitos para todos, a começar pelo direito ao trabalho e ao salário.
Que esta força que trazemos nos braços nunca nos sirva para obedecer. Vamos à luta, camaradas, com todas e todos juntos!
Carlos Oliveira - Ativista BE